o tempo
Só não herdei a voz
Essa me é feita
de paragens outras,
de cabos que passei,
mas que são meus
De ti herdei talvez
artes de amar,
mas numa língua outra:
ofícios mais difíceis
de viver
E depois, eu: aqui
e tu: aí – séculos, modos
longos como mares
Aqui me acho gastando
dias tristes,
outras vezes mais belos,
sabendo que esta vida,
a vida em verso,
maior às vezes do que a outra vida,
como depois de nós,
muito depois,
alguém, que será muitos,
falará
Ana Luísa Amaral
“A Génese do Amor”
Prémio Literário Casino da Póvoa 2007
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