a demorar-me
os dias
Como oitava de linha
musical,
ou oitavo de círculo,
assim me vens
a ser
Mas o segmento amplia-se
em proporção de esfera,
dia a dia,
e essa constância envolve-me
em traço comovente
E a mim própria
me espanto
E espanta-me a vontade
de perguntar mais uma vez
por deuses,
de te acolher
agora
E não saber se o tempo
não me fará um dia
de pé sobre o abismo,
uma vez mais
Tal como, olhando o Tejo,
e neste fim de tarde,
te revejo,
e o grito das gaivotas
invade o paço todo:
longo e inteiro:
inesperado:
o lume
Ana Luísa Amaral
“A Génese do Amor”
Prémio Literário Casino da Póvoa 2007
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