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29 de fevereiro de 2012

Correntes d’Escritas 2012


O LiterHaria não tem, há cerca de um ano, atualizações por indisponibilidade do autor.

Fica no entanto a promessa da continuidade próxima do blog.

Para saber como decorreu a 13ª edição do “Correntes d’Escritas” clique no título.

16 de março de 2011

Correntes d'Escritas 2011

O júri do “Prémio Literário Casino da Póvoa”, no âmbito do “Correntes d’Escritas “2011, constituído por Almeida Faria, Carlos Vaz Marques, Fernando Pinto do Amaral, Patrícia Reis e Valter Hugo Mãe atribuiu o prémio à obra “O livro do sapateiro”, de Pedro Tamen.




Eram as seguintes as obras finalistas:

A Inexistência de Eva, Filipa Leal,

Anthero, Areia & Água, Armando da Silva Carvalho,

Arado, A. M. Pires Cabral,

Curso Intensivo de Jardinagem, Margarida Ferra,

Guia de Conceitos Básicos, Nuno Júdice,

Mais Espesso que a Água, Luís Quintais,

Necrophilia, Jaime Rocha,

O Anel do Poço, Paulo Teixeira,

O Livro do Sapateiro, Pedro Tamen,

O Viajante sem Sono, José Tolentino Mendonça.



Leia tudo sobre o Encontro

15 de janeiro de 2011

Arnaldo Santos, BioBiblioGrafia


crédito Jornal de Angola



Arnaldo Moreira dos Santos nasceu em Luanda a 14 de Março de 1935, no Bairro da Ingombota e passou a infância e a adolescência no bairro Kinaxixe.

Estes dois espaços da cidade, bem como o Uije, onde viveu os acontecimentos de 1961, viriam a ter importância central nos seus escritos.

Em Luanda fez os estudos primários e o secundário no Liceu Salvador Correia (actual Mutu ia Kevela).

Foi funcionário dos Serviços de Saúde e da Fazenda Pública, jornalista, chefe de redacção da revista "Novembro" e director do "Jornal de Angola", do INALD (Instituto Nacional do Livro e do Disco) e do IAC (Instituto Angolano de Cinema).

Tem obras publicadas em “O Brado Africano”, “Cultura (II)”, “Mensagem”, “ABC” e “Jornal de Angola”.

Membro fundador da UEA (União dos Escritores Angolanos), pertenceu aos seus corpos directivos entre 1975 e 1990.

POESIA

Na senda do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (1951) e depois da “Mensagem”, o seu órgão difusor, ter sido encerrada, pertenceu à Geração Silenciada da “Cultura (II)” (1957), 2ª série do jornal de artes e letras da Sociedade Cultural de Angola, “fundado em 1945 mas que, em dada altura, suspendera a publicação”1. Foi nesta publicação que se revelou como “poeta e contista dos mais talentosos de Angola”, “inimigo da discursividade, da retórica.” “Cedo a sua lei foi a da pureza, a do rigor da imagem. A sua poemática é uma pulsação íntima, uma interiorização sagaz do universo circundante”. 2

Fuga, 1960
Uige, 1961
Poemas no Tempo, 1977
Nova Memória da Terra e dos Homens, 1987


PROSA

“Prosador emérito, do mais refinado que a narrativa conheceu entre nós nas últimas décadas, senhor de uma estilística que apropria o método ao clima e à circunstância”, identifica-se “nesse triângulo a configuração da sua inequívoca angolanidade.” 3

Quinaxixi, 1965
Prosas, 1981
Kimaxixi e Outras Prosas, 1986
Na Mbanza do Miranda, 1986
Cesto de Katandu e Outros Contos, 1987
A Boneca de Quilengues, 1991
A Casa Velha das Margens, 1999
As Estórias de Kuxixima, 2003
A Palavra e a Máscara, 2004
O Vento Que Desorienta o Caçador, 2006


CRÓNICAS

Publica, no "Jornal de Angola", crónicas de opinião.

Tempo de Munhungo, 1968
Crónicas ao Sol e à Chuva. 2000
Observatório do Balão, 2011


ANTOLOGIADO em:

Poetas Angolanos, 1960
Contistas Angolanos, 1960
Poetas Angolanos, 1962
Novos Contos de África, 1962
Antologia Poética Angolana, 1963
Literatura Africana de Expressão Portuguesa, 1967
Novos Contos do Ultramar, 1969
Contos Portugueses do Ultramar, 1969
Afrikansk Lyrik, 1970
Antologia do Conto Ultramarino, 1972
When Bullets Begin to Flowers, 1972
Antologia da Poesia Pré-Angolana (1948-1974), 1975
Antologia Temática de Poesia Africana 1. Na Noite Grávida de Punhais, 1975
No Reino de Caliban, 1976
Monangola, A Jovem Poesia Angolana, 1978
Sonha Manana África, 1988
Poetas Africanos, 1989


PRÉMIOS

Prémio «Mota Veiga» 1968, por “Tempo de Munhungo”.
Prémio Nacional de Cultura 2004.



OUTRA BIBLIOGRAFIA

Activa

Os Calundus da Joana, Lavra & Oficina, caderno especial dedicado à literatura angolana em saudação à VI conferência dos escritores afro-asiáticos, UEA-União dos Escritores Angolanos, Luanda, 1979.

A Força de Viver, Antologia de Arnaldo Moreira dos Santos, UEA Digital-União dos Escritores Angolanos, Antologias, [url] http://www.uea-angola.org/resumo_antologia.cfm?ID=351

A Vivência é uma fonte inesgotável para qualquer escritor, Entrevista de Aguinaldo Cristóvão, UEA Digital-União dos Escritores Angolanos, [url] http://www.uea-angola.org/resumo_entrevistas.cfm?ID=439 5

Um Escritor Embaraçado, Entrevista de Sílvia Milonga a 13.12.2001, Milonga-Nós Por Cá!, [url] http://www.nexus.ao/milonga/ver.cfm?m_id=2651 6


Passiva

ANDRADE, Mário de. Antologia Temática de Poesia Africana, 1. Na Noite Grávida de Punhais, Sá da Costa, Lisboa, 1975.
CÉSAR, Amândio. Antologia do Conto Ultramarino, Verbo, Lisboa, 1972.

ERVEDOSA, Carlos. Roteiro da Literatura Angolana, Sociedade Cultural de Angola, Luanda, 1975.

FERREIRA, Manuel. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, volume II, Instituto de Cultura Portuguesa, MEIC, Secretaria de Estado da Investigação Científica, Lisboa, 1977.

GOMES, Beto. Poesia Africana de Expressão Portuguesa, Arnaldo Santos, edição em Linha [url] http://betogomes.sites.uol.com.br/ArnaldoSantos.htm

INFOPÉDIA. Arnaldo Santos, Infopédia, edição em Linha [url] http://www.infopedia.pt/$arnaldo-santoshttp://www.infopedia.pt/$arnaldo-santoshttp://www.infopedia.pt/$arnaldo-santos

KANJIMBO, Luís. Conheça a Riqueza da Literatura Angolana, edição em Linha, [url] http://www.nexus.ao/kandjimbo/

LARANJEIRA, Pires. Antologia da Poesia Pré-Angolana (1948-1974), Afrontamento, Porto, 1975.

MARTINHO, Fernando J. B. Recensão crítica a “Poemas no Tempo”, Revista Colóquio/Letras, Fundação Calouste Gulbenkian, nº 42, Lisboa, Março 1978.

MESTRE, David. Recensão crítica a “Nova Memória da Terra e dos Homens”, Revista Colóquio/Letras, Fundação Calouste Gulbenkian, nº 101, Lisboa, Janeiro 1988.


MIRANDA, António. Arnaldo Santos, Poesia Africana Lusófona, Angola, edição em Linha [url] http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_africana/angola/arnaldo_dos_santos.html

PEREIRA, Carlos Pinto. Do Rovuma ao Maputo, Antologia de Autores Africanos. 4


VIEIRA, Vergílio Alberto. Monangola, A Jovem Poesia Angolana, Limiar, Porto, 1978.




Admário Costa Lindo



notas & etc.:

1. ERVEDOSA, Carlos. Roteiro da Literatura Angolana, Sociedade Cultural de Angola, Luanda, 1975.

2. FERREIRA, Manuel. Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, volume II, Instituto de Cultura Portuguesa, MEIC, Secretaria de Estado da Investigação Científica, Lisboa, 1977.

3. MESTRE, David. Recensão crítica a “Nova Memória da Terra e dos Homens” de Arnaldo Santos, Revista Colóquio/Letras, nº 101, Lisboa, Janeiro 1988.

4. Esta página foi convertida em eBook mas é extremamente difícil chegar ao arquivo; faça uma busca Google com a indicação abaixo (copie exactamente a indicação) e, para ligação directa, clique na opção “Sinto-me Com Sorte” do Google (I’m Feeeling Lucky); guarde o arquivo, que é a forma mais eficiente de evitar dissabores; o arquivo vale bem esta precaução.
[DOC] Do Rovuma ao Maputo - Antologia de Autores Africanos

5. “Eu sinto que a realidade angolana é tão rica que, quanto a mim, ultrapassa muito a imaginação do escritor. O escritor muitas vezes surpreende-se porque a realidade lhe apresenta situações que, por muito ousado que ele seja, é incapaz de as conceber. Eu considero, pois, uma fonte inesgotável para qualquer escritor a sua vivência, a sua integração nestes grandes movimentos de conhecimento do povo angolano para subsistirmos e vivermos neste momento, aliás, extremamente controverso e, de sobremodo, importante para o futuro dos angolanos. E então surgem-nos aspectos que nos confundem porque eles, aparentemente, até ao nível da ficção, eram difíceis de serem imaginados.”

6. “Creio que em Portugal os críticos têm alguma dificuldade de acesso ao conteúdo, aos temas, e até à linguagem e livros dos escritores angolanos. Passamos despercebidos, excepto quando há um público muito direccionado, cujos interesses estejam ligados à cultura de Angola, esses solicitam obras especialmente às livrarias.
Por outro lado há uma série de palavras que hoje fazem naturalmente parte do dicionário português que vêm do kimbundu. Grande parte das palavras que hoje encontramos em dicionários etimológicos foram primeiro para o Brasil e vieram abrasileiradas para Portugal. Samba por exemplo vem de semba, carimbo vem de cadimbo. Os portugueses usam estas palavras pensando que estão a falar português, mas são palavras de origem kimbundu como quezilia vem de quijila.”



última actualização:
17.01.2011

Literaturas africanas de expressão portuguesa na Plural Pluriel

publicação original
24-09-2010
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2010/09/literaturas-africanas-de-expressao.html




As literaturas africanas de língua portuguesa é o tema principal do mais recente número da revista Plural Pluriel, Nº Primavera-Verão 2010, editada pelo Departamento de estudos Lusófonos da Universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense.


O dossiê, intitulado "Literaturas africanas de lingua portuguesa" faz uma homenagem a Michel Laban. Organizado por José Manuel da Costa Esteves, Cátedra Lindley Cintra do Instituto Camões na Université Paris Ouest Nanterre La Défense.


A seção "Textos & Documentos" acolhe desta vez textos de escritores africanos sobre o amigo e tradutor Michel Laban, bem como um álbum fotográfico. As "Atualidades" divulgam os eventos recentes da universidade, ligados às culturas de língua portuguesa, e a "Vida da Revista" propõe novas temáticas para futuros números e outros elementos atualizados da política editorial de Plural Pluriel.
in “Instituto Camões” newsletter Nº 156 • 22 de Setembro de 2010 • Suplemento do JL n.º 1043, ano XXX

Correntes D´Escritas XI

publicação original
25-02-2010
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2010/02/correntes-descritas-xi.html






O Correntes D´Escritas 2010, que decorre de 24 a 27 do corrente na Póvoa de Varzim, já anunciou a obra vencedora.




O júri do Prémio Literário Casino da Póvoa, composto por Patrícia Reis, Carlos Vaz Marques, Dulce Maria Cardoso, Fernando J.B. Martinho e Vergílio Alberto Vieira, escolheu Myra, de Maria Velho da Costa, entre dez obras finalistas: A Eternidade e o Desejo de Inês Pedrosa, A Mão Esquerda de Deus de Pedro Almeida Vieira, A Sala Magenta de Mário de Carvalho, O apocalipse dos trabalhadores de valter hugo mãe, O Cónego de A. M. Pires Cabral, O Mundo de Juan José Millás, O verão selvagem dos teus olhos, de Ana Teresa Pereira, Rakushisha de Adriana Lisboa e Três Lindas Cubanas de Gonalo Celorio.

O Prémio será entregue no sábado, dia 27, na Sessão de Encerramento do Correntes d'Escritas.

Acompanhe as Correntes por aqui »»»»


comentário:

at 27/2/10 11:39 PM, Anónimo disse...
Estava a ver que este ano nem nisto falavas... Obrigada por o teres feito.
Um abraço
Ju

14 de janeiro de 2011

Arménio Vieira, Prémio Camões 2009

publicação original
28-07-2008
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2009/06/premio-camoes-2009.html




O júri do Prémio Camões 2009 - Marco Lucchesi e Ruy Espinheira (Brasil), José Seabra Pereira e Helena Buescu (Portugal), Corsino Fortes (Cabo Verde) e Luiz Carlos Patraquim (Moçambique) - distinguiu este ano o escritor cabo-verdiano Arménio Vieira. [»»]


Arménio Adroaldo Vieira e Silva, escritor, jornalista e professor, nasceu a 29 de Janeiro de 1941 na cidade da Praia. Tem colaboração dispersa por Seló - folha dos Novíssimos, Boletim de Cabo Verde, Vértice, Raízes, Ponto & Vírgula, Fragmentos e Sopinha de Alfabeto.


Publicou 4 livros - “Poemas” (1981), “O Eleito do Sol” (1990),”'No Inferno” (1999) e “MITOgrafias” (2006). No prelo está a obra "O Poema, a Viagem e o Sonho", que deverá ser publicada este ano.


Arménio Vieira, o primeiro cabo-verdiano a ser contemplado com o Prémio Camões, que não gosta do poder nem “de pessoas que representam o poder” [»»] diz que, com os 100 mil euros do prémio, agora “[…] se calhar vou ter pela primeira vez na vida uma bicicleta, porque nunca tive bicicleta.” [»»]


E perguntam-nos:
- sois homens?
Respondemos:
- animais de capoeira.
Dizem-nos:
- bom dia.
Pensamos:
lá fora...




admário costa lindo


comentário:

at 9/6/09 4:48 PM, Anónimo disse...
Nunca tinha lido nada do Arménio Vieira e gostei do que li, acho-o, para além do mais, muito original.
Obrigada por me teres dado oportunidade, Admário.
Um abraço
Ju

Correntes d'Escritas X

publicação original
28-07-2008
[url] http://angolaharialiterharia.blogspot.com/2011/01/correntes-descritas-x.html






Teve iníco ontem, na Póvoa de Varzim, a 10ª edição do Correntes d'Escritas, com a atribuição do Prémio Literário Casino da Póvoa à obra A Moeda do Tempo de Gastão Cruz”.
O autor tem “mantido sempre uma grande qualidade, equilibrado a tendência para a liberalidade ou contenção verbal dos seus primeiros livros com um maior alargamento expressivo” e verifica-se nesta obra que “o enraizamento vivencial se orienta para uma maior amplitude de sentidos, aliada a um grande domínio formal,” diz.se na Declaração de Voto.

O Prémio Literário Correntes d’Escritas/Papelaria Locus, destinado a jovens entre os 15 e os 18 anos, distinguiu o poema Geometria das Sombras de Ophelia Nery, pseudónimo de Tatiana Vanessa Fernandes Bessa, de Vila das Aves.

Atribuído este ano pela primeira vez e dirigido às escolas e aos alunos do 4º ano do ensino básico, o Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d'Escritas Porto Editora ficou assim distribuído:

1º Prémio: Um Susto e Um Presente – Palmela;
2º Prémio: A Aventura de Natal do Quico – Santa Maria da Feira;
3º Prémio: O Menino e o Sonho – Amadora.


[Ler mais]

Acompanhe o Correntes passo a passo [aqui].

admário costa lindo


comentários:

at 12/2/09 5:05 PM, Anónimo disse...
Andei por "lá" um bom bocado, obrigada. Um dia ainda hei-de ir mesmo...
Um abraço
Ju

At 9/5/09 7:21 PM, Cabraforte disse...
Ola Gostei muito do seu Blog, sou do Brasil e estou pensando ir para Angola para conhecer a realidade. Mas antes de decidir ir, queria conhecer mais sobre o País. Você poderia me ajudar.
Att Fernando Cabral

At 11/5/09 9:56 AM, Admário Costa Lindo disse...
Caro Fernando,
escreva para admariolindo@sapo.pt
Um abraço
admário

João Ubaldo Ribeiro, Prémio Camões 2008

publicação original
28-07-2008
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2008/07/joo-ubaldo-ribeiro-prmio-cames-2008.html





O escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro foi distinguido com o Prémio Camões 2008, o mais importante galardão atribuído a autores de língua portuguesa. [LER MAIS]

Na altura do anúncio da decisão do Júri estalou uma pequena celeuma, uma vez que, para a atribuição do prémio deste ano, apenas foram analisadas obras de autores brasileiros. [LER e OUVIR MAIS]


BIOGRAFIA

1941 - Nasce na ilha de Itaparica, estado da Bahia, a 23 de Janeiro, João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro. Passa a infância em Aracajú, capital do estado de Sergipe.

1947 - Inicia os estudos com um professor particular e ingressa no Instituto Ipiranga em 1948.

1951 – Matricula-se no Colégio Estadual de Sergipe. Seu pai, Manoel Ribeiro, chefe da Polícia Militar, obriga-o a praticar o latim e a copiar os sermões do Padre António Vieira, durante as férias. Devido a pressões políticas o pai transfere-se com a família para Salvador e João Ubaldo é matriculado no Colégio Sofia Costa Pinto.

1956 - Conhece Glauber Rocha, seu colega no Colégio da Bahia, para onde se transferira em 1955, e entre eles nasce uma grande amizade.

1957 - Inicia a vida profissional como repórter do “Jornal da Bahia”. Passa, mais tarde, para “A Tribuna da Bahia” onde exerce o cargo de editor-chefe.

1958 – Matricula-se em Direito na Universidade Federal da Bahia, participa no movimento estudantil e, com Glauber Rocha, vira-se para a edição de jornais e revistas culturais. Concluídos os estudos de Advocacia, profissão que nunca exerceu, faz pós-graduação em Administração Pública.

1959 - É publicada a sua primeira obra literária, "Lugar e Circunstância", na antologia “Panorama do Conto Bahiano”. Trabalha na Prefeitura de Salvador como office-boy e, posteriormente, como redactor do Departamento de Turismo.

1960 - Casa com Maria Beatriz Moreira Caldas, sua colega na Faculdade de Direito. Irão divorciar-se 9 anos depois.

1961 – Participa na colectânea “Reunião”, editada pela Universidade Federal da Bahia, com os contos "Josefina", "Decalião" e "O Campeão".

1963 - Escreve o primeiro romance, “A Semana da Pátria”, título posteriormente substituído por "Setembro não faz sentido".

1964 – Parte para os EUA com uma bolsa de estudos a fim de completar o mestrado em Administração Pública e Ciências Políticas. Em plena efervescência política as forças da repressão fazem divulgar pela televisão um cartaz com a sua fotografia e a inscrição"Procura-se". Não sabem que o esquerdista João Ubaldo Ribeiro estuda nos Estados Unidos a expensas daquele país.

1965 - Volta ao Brasil e começa a leccionar Ciências Políticas na Universidade Federal da Bahia.

1969 - Casa-se com a historiadora Mónica Maria Roters que lhe dará duas filhas, Emília (Fevereiro de 1970) e Manuela (Junho de 1972).

1978 – Separa-se de Mónica Roters. É editado nos EUA o romance "Sargento Getúlio" com tradução do próprio João Ubaldo.

1979 – É professor convidado da Universidade de Iowa, EUA, no International Writting Program.

1980 - Casa com a fisioterapeuta Berenice Batella que lhe dará dois filhos, Bento (Junho de 1981) e Francisca (Setembro de 1983). Participa no júri do prémio Casa das Américas, em Cuba.

1981 – A Fundação Calouste Gulbenkian concede-lhe uma bolsa e João Ubaldo passa a viver em Lisboa com a família. Em Portugal edita, com o jornalista Tarso de Castro, a revista “Careta”.

1982 - Participa no Festival Internacional de Escritores em Toronto, Canadá.

1982 – Estreia do filme "Sargento Getúlio" de Hermano Penna , adaptado do seu romance homónimo; premiado no Festival de Gramado - Melhor Actor, Melhor Actor Secundário, Melhor Som Directo, Melhor Filme, Grande Prémio da Crítica e Grande Prémio da Imprensa e do Júri Oficial.

1984 – Participa, com Jorge Luis Borges e Gabriel Garcia Marques, numa série de nove filmes da TV estatal canadiana sobre a Literatura da América Latina.

1987 - "Viva o povo brasileiro" é escolhido como samba-enredo do carnaval pela Escola Império da Tijuca.

1990 - Vive 15 meses em Berlim, a convite da Deutsch Akademischer Austauschdienst; escreve crónicas semanais no jornal "Frankfurter Rundschau" e produz peças de teatro radiofónico.

1991 – Regressa ao Brasil. O seu romance "O sorriso do lagarto" é adaptado para televisão por Walter Negrão e Geraldo Carneiro. Escreve crónicas para os jornais “O Globo” e “O Estado de São Paulo”.

1993 – Faz a adaptação do seu conto "O santo que não acreditava em Deus" para a série “Caso Especial” da Rede Globo de Televisão. É eleito para a Academia Brasileira de Letras.

1994 – Em co-autoria com Cacá Diegues e Antônio Calmon faz a adaptação cinematográfica do romance de Jorge Amado "Tieta do Agreste". Faz a cobertura do Campeonato Mundial de Futebol, nos EUA, como enviado dos jornais “O Globo” e “O Estado de São Paulo”. De regresso ao Brasil é internado com arritmia cardíaca. Participa na Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, onde lhe é outorgado o Prémio Anna Seghers.

1996 - Volta a participar na Feira do Livro de Frankfurt; é-lhe concedida a cátedra de Poetik Dozentur, na Universidade de Tubigem.

1998 - Participa no Salão do Livro em Paris.

2008 – É distinguido com o Prémio Camões, o mais importante galardão atribuído a autores de língua portuguesa.


BIBLIOGRAFIA

"Setembro não faz sentido", romance 1968, com prefácio de Glauber Rocha e apadrinhamento de Jorge Amado; a obra deveria chamar-se “A Semana da Pátria”, mas o título é alterado por sugestão da editora.

"Sargento Getúlio", romance 1971, Prémio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro na categoria "Revelação de Autor" 1972.

"Vencecavalo e o outro povo", contos 1974; título inicial "A guerra dos Pananaguás".

"Vila Real”, conto 1978.

Política: quem manda, por que manda, como manda”, ensaio 1981.

"Livro de Histórias", contos 1981.

Vida e paixão de Pandomar, o cruel”, infanto-juvenil 1983; Prémio Die Blaue Brillenschlange 1994.

Viva o povo brasileiro”, romance 1984; título inicial "Alto lá, meu general"; Prémio Jabuti na categoria "Romance"; Prémio Golfinho de Ouro, do Governo do Rio de Janeiro.

Sempre aos domingos”, crónicas 1988.

O sorriso do lagarto”, romance 1989.

A vingança de Charles Tiburone”, infanto-juvenil 1990.

"Já podeis da pátria filhos", contos 1991; reedição de “Livro de histórias” acrescido de "Patrocinando a arte" e "O estouro da boiada"

Um brasileiro em Berlim”, crónicas 1995.

O feitiço da Ilha do Pavão”, romance 1997.

Arte e ciência de roubar galinha”, crónicas 1998.

A casa dos Budas ditosos”, romance 1999.

O Conselheiro Come”, crónicas 2000.

Miséria e grandeza do amor de Benedita”, romance 2000; 1º e-book lançado no Brasil; Portugal Dom Quixote 2003.

Diário do Farol”, romance 2002; Portugal Dom Quixote 2003.

Você me mata, Mãe gentil”, crónicas 2004.

A gente se acostuma a tudo”, crónicas 2006.


OUTROS PRÉMIOS

Prémio Anna Seghers 1994.
Prémio Camões 2008.





comentário:
at 28/7/08 5:40 PM, Anónimo disse...
"Viva o povo brasileiro!"
Ju

Correntes d'Escritas IX

publicação original
13-02-2008
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2008/02/correntes-descritas-ix.html





Teve início, na Póvoa de Varzim, a 9ª edição do Correntes d’Escritas – Encontro de Escritores de Expressão Ibérica que se prolonga até 16 do corrente.

Para saber tudo sobre o Encontro e acompanhá-lo dia-a-dia clique no logótipo. *

Destaques

13.02.2008
Ruy Duarte de Carvalho venceu o Prémio Literário Casino da Póvoa, com a obra ”Desmedida“

13.02.2008
Foi inaugurada a exposição fotográfica ”Moçambique de Hoje”, de Luís de Almeida, que estará patente ao público até ao dia 15 de Março na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto.

13.02.2008
É exibido no Auditório Municipal o filme “Oxalá Cresçam Pitangas”, de Ondjaki e Kiluanje Liberdade, que retrata Angola 30 anos após a independência.

Para saber mais sobre o filme »»»

nota: o título foi retirado deste poema, de António Gonçalves:

Intervalo com jindungu kabombo

(intervalo o tempo com palavras IN CULTAS génese de saber
OCULTO, cultivo amor (com/sem) culpa formal, forma-se a
alma, desespiritualiza-se a matéria – oxalá cresçam pitangas
no papel!)

13.02.2008
1ª Mesa - " Dar Palavra à Voz"
Fazendo a ponte com a música, Manuel Rui falou de palavras que são pedidas por uma melodia, do direito da palavra à voz, da “palavra que a antecipa e está preparada para uma voz”.

14.02.2008
2ª Mesa - “A Meu Favor Tenho a Poesia”
Ondjaki lembrou que “a poesia está a favor das línguas de falar e escrever” e que “o poeta tem a seu favor todas as formas de reinvenção e o instinto trabalhado de um animal de busca. Ondjaki falou da poesia que se cola à pele, que é língua e sentir, sem dúvida a favor dos poetas, sem dúvida a favor dos que a lêem.

14.02.2008
3ª Mesa - “A Lenta Volúpia de Escrever”
José Manuel Saraiva optou por desconstruir o tema, dizendo que “a volúpia, para ser volúpia, tem que ser lenta, porque ela é sentimento de satisfação, uma festa dos sentidos”.

14.02.2008
4ª Mesa - “Escrever é Um Gesto Preverso”
Esta mesa ficou marcada pelo espanto e estranheza que tal tema colocou e que obrigou a alguma pesquisa por parte de todos os participantes.

15.02.2008
Mesa Infantil - “Conta-me Um Conto”
Foi uma das novidades nesta nona edição do Correntes d’Escritas, uma mesa destinada a alunos do 4º ano do 1º ciclo de Ensino Básico da Póvoa de Varzim. O riso e as gargalhadas chegaram com a intervenção de Ondjaki, que questionou os alunos sobre qual era o conto mais curto do mundo.

15.02.2008
5ª Mesa – “A Bem Dita e a Mal Dita”
Para Jorge Sousa Braga, “Um poema bem dito é o que nos entra directamente no coração”. E nós, que só o ouvimos, podemos atrever-nos a perguntar: bem dito ou bendito?

15.02.2008
6ª Mesa – “A Literatura Rasga a Realidade”
Pedro Teixeira Neves : “Escrever sempre foi uma forma de mudar o mundo e por isso se tornou numa profissão tão perigosa”. E é preciso coragem para rasgar, para “avançar sem saber por onde mais rasgar, perante uma página em branco”, para procurar sempre.

16.02.2008
7ª Mesa – “A Rua Faz o Livro”
Para Paulina Chiziane: “No meu país não é assim, ir ao pão, que pode ser uma coisa rápida, pode tornar-se num percurso de mais de uma hora, porque sou parada pelos vizinhos, porque me saúdam e eu saúdo, paro para ouvir o que me querem contar…. há crianças a dançar na roda… e eu penso: que caos, que maravilhoso caos!”.

16.02.2008
8ª Mesa – “Sou do Tamanho Do Que Escrevo”
Para José Eduardo Agualusa “qualquer livro, sendo bom, é maior do que o seu autor”, o que significa que, para o escritor, a obra assume, desde logo, o papel principal na equação.

16.02.2008
9ª Mesa – “Cada Homem é Uma Língua”
Mia Couto: “Ambicionamos falar a língua dos sonhos e só ganhamos individualidade quando aprendemos a falar a língua de todos os homens, a língua dos sonhos”.


Participantes:

Angola:
Ana Paula Tavares, José Eduardo Agualusa, Kiluanje Liberdade, Manuel Rui, Ondjaki, Pepetela;
Argentina:
Cristina Norton, Daniel Mordzinski, Eugenia Almeida;
Brasil:
André Sant’Anna, João Paulo Cuenca, Lêdo Ivo, Lígia Walper, Maria Lúcia Lepecki, Tabajara Ruas;
Colômbia:
Janet Nuñez;
Cuba:
Leonardo Padura;
Espanha:
Adolfo García Ortega, Carlos Quiroga (Galiza), Carmen Riera (Catalunha), Eduardo Mendoza (Catalunha), Ignacio del Valle, J.J. Armas Marcelo, Juan Carlos Mestre, Susana Fortes, Vicente Martín Martín, Uberto Stabile;
Guatemala:
Eduardo Halfon;
Guiné-Bissau:
Waldir Araújo;
Moçambique:
Mia Couto, Paulina Chiziane;
Perú:
Oscar Málaga Gallegos;
Portugal:
Almeida Faria, Amadeu Baptista, Aurelino Costa, Carlos do Carmo, Cristino Cortes, Filipa Leal, Francisco José Viegas, Isabel da Nóbrega, Ivo Machado, Jorge Sousa Braga, José Carlos de Vasconcelos, José Emílio-Nelson, José Manuel Vasconcelos, José Manuel Saraiva, José Norton, Júlio Moreira, Luís Machado, Luís Serguilha, Luiz Fagundes Duarte, Manuela Azevedo, Marcelo Rebelo de Sousa, Maria do Rosário Pedreira, Maria Flor Pedroso, Maria João Seixas, Mário Pinheiro, Miguel Real, Onésimo Teotónio Almeida, Pedro Teixeira Neves, Rui Grácio, Rui Zink, Teresa Rita Lopes, valter hugo mãe, Vergílio Alberto Vieira.


*
14.01.2011
nota:
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Ondjaki e o Acordo Ortográfico

publicação original
02-02-2008
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2008/02/ondjaki-e-o-acordo-ortogrfico.html







"Um dia ainda vou ser que nem Manoel de Barros que só faz entrevista por e-mail. É mais seguro, porque não deturpam. Aqui no Brasil já deturparam bastante. Não percebem (entendem) bem e deturpam. A ponto de eu falar uma coisa e aparecer outra. Ou então não entendem e começam a abrasileirar o discurso. Ora, eu não falo brasileiro, falo português de Angola, não gosto de ver as minhas citações abrasileiradas porque não falei assim. Tiram os artigos, põem gerúndios. Sou completamente a favor da particularidade cultural dos povos. O que não tem nada a ver com todos os outros laços que nos unem, que são muito bonitos. Mas também é bonito que cada um fale como fala. Não vamos todos falar igual. Nem todos falar como os portugueses, que não acho feio, nem todos falar como os brasileiros, só porque são mais. Que também não acho feio. Por isso não concordo quando o Agualusa argumenta: ‘Ah, mas os brasileiros são 180 milhões’. Podiam ser 500 milhões. Em Cabo Verde são 400 mil e falam como eles quiserem. Essa conversa tem passado tanto lá nos encontros que tivemos agora, do Acordo Ortográfico. Quem concorda, quem não concorda. E eu sempre argumento: Não posso concordar ou não concordar com uma coisa que eu não conheço. Nunca ninguém me explicou."

in Correio Braziliense


ler mais em
Eu, Um Negro, de Fábio Sena

Deslize no "Sétimo Selo"

publicação original
24-11-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/11/deslize-no-stimo-selo.html



Parte da acção do livro [1] passa-se em terreno gelado.

Talvez seja esse o motivo do deslize de José Rodrigues dos Santos.

Passo a transcrever, da página 52:

A enfermeira já levava o tabuleiro com o almoço consumido e Tomás calçava os sapatos e preparava-se para abandonar o quarto da clínica quando o telemóvel tocou.
“Olá, Tomás. Daqui Gouveia.”
Caramba, pensou Tomás. Como diabo teria o médico de família sabido que ele fora hospitalizado naquela clínica? Bem, a comunicação entre médicos deve ser expedita, concluiu
.”

E pergunto eu: como diabo, ligando-se para um telemóvel, ou telefone de bolso, simplesmente e sem mais, ficamos a saber onde se encontra o destinatário da chamada?

Ou já existem telemóveis de 4ª geração, coisa que desconheço, ou o J.R.S. deslizou…

Afora isto, não deixem de ler o “Sétimo Selo” porque vale (muito) a pena.


admário costa lindo


[1] José Rodrigues dos Santos. O Sétimo Selo, Gradiva, Lisboa, 2007.





comentário:

at 26/11/07 7:07 PM, Ju disse...
Realmente!... Se ele fosse da geração dos nossos filhos não cometia esse erro. Tenho curiosidade mas... tenho tantos mais livros para ler antes! De qualquer modo, obrigada pela dica

valter hugo mãe prémio josé saramago

publicação original
31-10-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/10/valter-hugo-me-prmio-jos-saramago.html







“vejo a arte como caminho para o desconhecido. toda a arte, e não só a poesia, serve para revelar algo, para trazer ao de cima coisas que nunca vimos ou entendemos, como se estivéssemos a destapar segredos de deus”

valter hugo mãe é o vencedor do Prémio Literário José Saramago 2007 da Fundação Círculo de Leitores com a obra “o remorso de baltazar serapião”. neste livro editado pela Quidnovi em 2006 o autor desvenda a história de um tal Baltazar que “numa Idade Média brutal e miserável […] casa com a mulher dos seus sonhos e tal como o pai fizera antes com a mãe e com a vaca Sarga fêmeas irmanadas em condição e estatuto familiar leva muito a sério a administração da sua educação. mas o senhor feudal pondo os olhos sobre a jovem esposa não desiste de exercer sobre ela os seus direitos. entregue aos desmandos do poder e do destino Baltazar será forçado a seguir por caminhos que o levarão ao encontro da bruxaria, da possessão e do remorso.”

“gosto de me reposicionar, que é reposicionar o sujeito poético e fazer dele uma personagem sempre nova, convicto de coisas outras, para me mostrar esse espaço desconhecido que procuro. vejo as coisas como errantes, coisas que vão e voltam, ou mesmo que se perdem por mil razões”

nasceu em Saurimo (Henrique de Carvalho) Angola a 25 de Setembro de 1971 vive em Vila do Conde e é autor de

silencioso corpo de fuga, 1996
o sol pôs-se calmo sem me acordar, 1997
entorno a casa sobre a cabeça, 1999
egon schielle auto-retrato de dupla encarnação, Prémio Almeida Garrett, 1999
estou escondido na cor amarga do fim da tarde, 2000
três minutos antes de a maré encher, 2000
a cobrição das filhas, 2001
útero, 2003
o resto da minha alegria seguido de a remoção das almas, 2003
o nosso reino , 2004
livro de maldições, 2006
o remorso de baltazar serapião, 2006
pornografia erudita, 2007

“o real está-me nos pés, a cabeça deixo-a largar. não tem como voltar ou sair, tudo o que existe, ou parece que existe, estabelece um compromisso entre a realidade e a ficção num sentido claro de que todas as coisas são dotadas de um pedaço de cada”

nota
as citações são extractos de uma entrevista a valter hugo mãe conduzida por Jorge Melícias em outubro de 2003

admário costa lindo

ps
aqueles que acham que o meu “bico-de-lacre e o tarrote” está carregado de desconchavos gramaticais devem ler o valter hugo mãe


comentário:
at 1/11/07 12:28 PM, Ju disse...
Vou ler. Por coincidência, comprei há um mês, só por ele ser de Angola, "O nosso reino".
E não acho que o teu "Bico de lacre..." seja desconchavado, gramaticalmente ou não

Nero

publicação original
12-08-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/08/nero.html


Adolfo Correia da Rocha nasceu a 12 de Agosto de 1907, faz hoje cem anos, em São Martinho da Anta, Trás-os-Montes. Literariamente adoptou o pseudónimo Miguel Torga. Faleceu a 17 de Janeiro de 1995 e deixou-nos textos tão belos quanto este:




“Sentia-se cada vez pior. Agora nem a cabeça sustinha de pé. Por isso encostou-a ao chão, devagar. E assim ficou, estendido e bambo, à espera. Tinha-se despedido já de todos. Nada mais lhe restava sobre a terra senão morrer calmo e digno, como outros haviam feito a seu lado. É claro que escusava de sonhar com um enterro bonito, igual a muitos que vira, dentro dum caixão de galões amarelos, acompanhado pelo povo em peso… Isso era só para gente, rica ou pobre. Ele teria apenas uma triste cova no quintal, debaixo da figueira lampa, o cemitério dos cães e dos gatos da casa. E louvar a Deus apodrece.: a dois passos da cozinha! A burra nem sequer essa sorte tivera. Os seus ossos reluziam ainda na mata da Pedreira. Chuva, geada, sincelo em cima. Até um lebrão descarado se fora aninhar debaixo da arcada das costelas, de caçoada! Ah, sim, entre dois males… Já que não havia melhor, ficar ao menos ali. No tempo dos figos, pela fresca, a patroa viria consolar a barriga. Gostava de figos, a velhota. E sempre se sentiria acompanhado uma vez por outra. Não que fizesse grande finca-pé naquela amizade. Longe disso. A menina dos seus olhos era a morgada, a filha, que o acariciava como a uma criança. A velha toda a vida o pusera a distância. Dava-lhe o naco da broa (honra lhe seja), mas borrava a pintura logo a seguir: - Ala! E ele retirava-se cerimoniosamente para o ninho. Só a rapariga o aquecera ao colo quando pequeno, e, depois, pelos anos fora, o consentira ao lume, enroscado a seus pés, enquanto a neve, branca e fria, ia cobrindo o telhado. O velho também o apaparicava de tempos a tempos. Se a vida lhe corria e chegava dos bens de testa desenrugada, punha-lhe a manápula na cabeça, meigamente, e prometia-lhe a vinda do patrão novo. Porque o seu verdadeiro senhor era o filho, um doutor, que morava muito longe. Só aparecia na terra nas férias de Natal. Mas nessa altura pertencia-lhe inteiramente. Os outros apenas o tratavam, o sustentavam, para que o menino tivesse cão quando chegasse. Apesar disso, no íntimo, considerava-se propriedade dos três: da filha, do velho e da velha. Com eles compartilhara aqueles longos oito anos de existência. Com eles passara Invernos, Outonos e primaveras, numa paz de família unida. Também estimava o outro, o fidalgo da cidade, evidentemente, mas amizades cerimoniosas não se davam com o seu feitio. Gostava era da voz cristalina da dona nova, da índole daimosa da patroa velha e da mão calejada do velhote.

- Tens o teu patrão aí não tarda, Nero…

O nome fora-lhe posto quando chegou. Antes disso, lá onde nascera, não tinha chamadoiro. Nesse tempo não passava dum pobre lapuz sem apelido, muito gordo, muito maluco, sempre agarrado à mama da mãe, que lhe lambia o pêlo e o reconduzia à quentura do ninho, entre os dentes macios, mal o via afastar-se. Pouco mais. Com dois meses apenas, fez então aquela viagem longa, angustiosa, nos braços duros dum portador. Mas à chegada teve logo o amigo acolhimento da patroa nova. Festas no lombo, leite, sopas de café. De tal maneira, que quase se esqueceu da teta doce onde até ali encontrava a bem aventurança, e dois irmãos sôfregos e birrentos.

- Nero! Nero! Anda cá, meu palerma!

A princípio não percebeu. Mas foi reparando que o som vinha sempre acompanhado de broa, de caldo, ou de um migalho de toucinho. E acabou por entender. Era Nero. E ficou senhor do nome, do seu nome, como da sua coleira.

[…]

Lá dentro frigiam carne. Ouvia bem o chorriscar da gordura na sertã. Dantes, seria o bastante para lhe correr a baba pela barbelas abaixo. Agora, só a lembrança de torresmos dava-lhe volta ao estômago. Uma perfeita ruína! Estava podre por dentro e por fora… Raio de vida! E o malandro do galo a galar a galinha! Tivesse ele procedido doutra maneira, quando o parvo era frangote, e já então cheio de proa, e não estaria agora o demo a fazer-lhe macaquices. Mas era feio um navarro dar um apertão num frango. Saiba um homem respeitar-se. Que grande dor de cabeça!... Que peso medonho na arca do peito!... E o corpo mole, sem acção…

Aí vinha a patroa nova observar o andamento daquilo…

Fechou os olhos. Sempre gostava de ouvir o que diria quando o visse como morto…

Ela chegou-se e ficou silenciosa.

Por uma fresta das pestanas espreitou-lhe a cara. Chorava. Desceu novamente as pálpebras, feliz.

E à noite, quando o luar dava em cheio na telha vã da casa, e os montes de S. Domingos, lá longe, pareciam ter já saudade das suas patas seguras e delicadas, quando o cheiro da última perdiz se esvaiu dentro de si, quando o galo cantou a anunciar a manhã que vinha perto, quando a imagem do filho se lhe varreu do juízo, fechou duma vez os olhos e morreu.”

Miguel Torga
Nero de “Bichos”

Pepetela Prémio Internacional da AELG

publicação original
09-05-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/05/pepetela-prmio-internacional-da-aelg.html





Artur Pestana “Pepetela”, Prémio Camões 1997 e autor, entre outras, das obras "Mayombe" e "Muana Puó", recebeu no dia 5 o Prémio Internacional da Asociación de Escritores en Lingua Galega (AELG) 2007 “Escritor Galego Universal”, “galardón que naceu para significar aqueles autores e autoras cuxa obra e personalidade conteñan un alto contido ético e estético que os/as convirtan nun referente para o seu pobo na defensa da dignidade nacional e humana”.

Pepetela é o primeiro escritor de língua portuguesa e também o primeiro africano a receber tal distinção.

A sua obra mais recente, “Predadores”, um retrato cru da nova burguesia angolana, foi publicado em Portugal em 2005 pela Dom Quixote.

admário costa lindo


fontes:


 









comentário:

at 11/5/07 2:50 PM, ANA MATHAYA disse...
Nossa terra produz optimos homens de letras! Porque já não se estuda os "textos africanos" no ensino em angola?? saudades...

Agualusa vence Prémio Independent

publicação original
02-05-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/05/agualusa-vence-prmio-independent.html





Foi hoje atribuído a José Eduardo Agualusa o Prémio Independent de Ficção Estrangeira (The Independent Foreign Fiction Award), pela sua obra “O Vendedor de Passados”.

O prémio, na XII edição, é anualmente atribuído pelo diário britânico “The Independent” com o apoio do Conselho das Artes do Reino Unido e destina-se a galardoar os autores e tradutores das melhores obras de ficção em língua estrangeira publicadas no país.

O romance “O Vendedor de Passados”, editado em Portugal pela Dom Quixote em 2004, é uma sátira à nova burguesia angolana. Sem passado condizente com a nova situação de fausto e riqueza, os novos-ricos pretendem, a todo o custo, uma história heráldica que justifique o estatuto de burguês de sucesso. Daí ao surgimento de uma nova profissão, o Criador de Passados, vai apenas um pequeno passo. A nova sociedade angolana escalpelizada com humor mas muita seriedade.

Em 1993 havia sido atribuído igual galardão a José Saramago pela obra “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.

admário costa lindo


comentário:

at 2/5/07 5:38 PM , Ju disse...
Fiquei contentíssima, não só porque gostei muito do livro e gosto do Agualusa escritor (embora tenha dúvidas sobre a crioulidade angolana fora de Luanda), como por a minha terra, a Chibia, estar em destaque nesse livro.


Lobo Antunes ganha Camões

publicação original
15-03-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/03/lobo-antunes-ganha-cames.html





António Lobo Antunes, autor de “Os Cus de Judas” e, de entre mais de uma vintena de obras, “Ontem Não Te Vi Em Babilónia", foi galardoado com o Prémio Camões 2007, decisão anunciada ontem no Rio de Janeiro.

Fizeram parte do júri: João Melo (Angola), Domício Proença Filho e Letícia Malard (Brasil), Francisco Noa (Moçambique), Fernando Martinho e Maria de Fátima Marinho (Portugal).

Reza a acta do júri que o Prémio foi concedido a Lobo Antunes pela "maestria em lidar com a língua portuguesa, aliada à maestria em descortinar os recessos mais inconfessáveis do ser humano, transformando-o num exemplo de autor lúcido e crítico da actualidade literária".

Best-seller permanente em Portugal, Lobo Antunes foi elogiado por um vasto número de escritores: falou-se de
"homenagem simbólica pelo esforço, dedicação e talento na literatura portuguesa" (Fernando Dacosta),
"justiça elementar"( Francisco José Viegas),
"intensidade emocional e literária das suas crónicas" (Gonçalo M. Tavares),
"o maior escritor vivo por causa da inventividade da sua linguagem… um mundo transformado em discurso" (Guiomar de Grammont),
e "pela obra notável, pela grande persistência e originalidade" (Lídia Jorge).


admário costa lindo

Manual Para Amantes Desesperados

publicação original
09-03-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/03/manual-para-amantes-desesperados.html





O novo livro de Paula Tavares, “Manual Para Amantes Desesperados”, será apresentado por Luandino Vieira na sessão de lançamento a ter lugar no próximo dia 14 de Março, às 18h 30m, na sede da Editorial Caminho, Auditório Vitor Branco, Av. Almirante Gago Coutinho, 121 em Lisboa.


António Gonçalves homenageado

publicação original
04-03-2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/03/antnio-gonalves-homenageado.html


O escritor angolano António Gonçalves foi homenageado durante o III Festival Internacional de Poesia da cidade de Granada, Nicarágua.

O intelectual angolano, que participou neste evento cultural ao lado de 120 poetas de 60 países, foi homenageado pelas autoridades nicaraguenses que o declararam "Visitante Ilustre", pela sua contribuição para o enriquecimento da cultura universal.

No acto de homenagem António Gonçalves, Conselheiro Cultural da Embaixada de Angola em Cuba, recebeu das autoridades nicaraguenses um diploma de reconhecimento.

Durante o certame cultural os organizadores realizam sessões populares levando a poesia a locais públicos com programas de leitura em todos os bairros da municipalidade, oportunidade que António Gonçalves aproveitou para dar a conhecer a poesia angolana.

António Gonçalves, que foi Secretário-Geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), tem publicadas as obras "Gemido de Pedra" (poesia, 1994), "Versos Libertinos" (poesia, 1995), "Adobes da Terra Vermelha" (poesia, 1996), "Buscando o Homem" (antologia poética, 2000), "Cenas Que o Musseque Conhece" (prosa, 2003), "Transparências" (2004), "A Linguagem dos Pássaros e dos Sonhos” (2005) e "As Vozes do Caminho" (2005).

fonte:



Orhan Pamuk, Nóbel da Literatura 2006

publicação original
14-10-2006
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2006/10/orhan-pamuk-nobel-da-literatura-2006.html



foto Eileen Barroso / The Nobel Foundation



O Prémio Nobel da Literatura 2006 foi atribuído a Orhan Pamuk, autor turco de 54 anos “que, na busca da alma melancólica da sua terra natal, descobriu novos símbolos para o choque e o entrecruzamento de culturas".

“A revelação internacional de Pamuk aconteceu com a publicação da sua terceira novela, Beyaz Kale (1985; A Cidadela Branca). Estando estruturada como romance histórico passado na Istambul do séc. XVII , o seu conteúdo é antes de mais uma narrativa de como o nosso ego constrói histórias e ficções de géneros distintos. A Personalidade é mostrada como uma moldagem variável. A personagem principal, um Veneziano vendido como escravo ao jovem estudante Hodja, descobre neste a sua própria imagem. Conforme os homens vão contando reciprocamente as histórias das suas vidas, ocorre uma troca de identidades. É talvez, a nível simbólico, o romance da Europa apreendida por uma cultura alienígena,” diz-se na bio-bibliografia publicada pela Academia Sueca.

De Pamuk estão publicados em Portugal, pela Editorial Presença, "Os Jardins da Memória" e "A Cidadela Branca".


Admário Costa Lindo


Palavras com açúcar

publicação original
13.02.2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/02/palavras-com-acar.html





Apontamentos que me ocorrem sobre a Mesa 8 do 8º “Correntes d’Escritas” (coincidências numéricas, apenas) – “Letra & Música”.
Cheguei 5 minutos mais tarde.
Quem me conhece sabe que isto, em mim, não é novidade. Comecei a ser assim logo ao nascer. Tarde vim a saber que, contrariamente ao que sempre imaginei, não nasci em Angola, Porto-Alexandre-agora-Tombwa. Ao que consta nasci aqui, na Póvoa do Mar, na Rua de Senra. Os estranhos que não estranhem, portanto, a tardança que co(migo)abita.

Cheguei 5 minutos mais tarde e já Ivo Machado cantava a sua relação com a música.
Lugares vagos já não havia, nem nos degraus da escadaria. E há quem diga que é má a relação do povo com a literatura. Aqui, durante o “Correntes d’Escritas”, ficou provado o contrário. Tenho para mim que tais senhores, os que falam grosso de poleiro sobre tais barbaridades, querem é os livros todos para si. Para enfeitar estantes e servir de cunha a móveis cambaios.

Já Ivo Machado cantava a sua relação com a música que não escuta no carro nem enquanto escreve. O Manuel Freire, mais lá para diante, irá chegar a roupa ao pêlo aos tais senhores de poleiro. Aqueles que pensam que a cultura se incrementa com ivas e outros impostos semelhantes. Ivo Machado, entretanto, cantava-nos coisas da sua relação com Fernando Lopes-Graça e de Lopes-Graça com “Alguns Anos de Pastor” e dos seus poemas com a música de Fernando Lopes-Graça.

O Manuel Freire, mais lá para diante, irá chegar a roupa ao pêlo aos tais senhores de poleiro, quando afirmar que, nestas coisas da cultura toda – dos livros, dos quadros, dos discos, das estatuetas, dos artesanatos, acontece o mesmo que com os putos: “as crianças não gostam de azeitonas porque nunca lhas deram a provar”. E quem assim fala sabe o que diz: foi só o inventor, a meias com António Gedeão, do mundo que “pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. O que eu não sabia é que, na primeira gravação, Manuel Freire se esqueceu do “bichinho álacre e sedento, de focinho pontiagudo”. Mas a explicação é simples: na altura não havia máquinas de fotocópia como hoje e o Manuel Freire teve que copiar o poema à mão. E vai daí.

Lugares vagos já não havia, nem nos degraus da escadaria. Fui obrigado a quedar-me de pé, ao fundo do anfiteatro, rodeado de sacos e mochilas. Isolado apenas durante alguns minutos porque os espaço foi depois preenchido por outros mais-retardatários. O que prova que nem em questões de tardança há singularidades. Ivo Machado, um dia destes, ficou a saber que gostava de música. Quem lho ensinou foi, precisamente, Lopes-Graça (ou terá sido José Gomes Ferreira? Ou Vitorino Nemésio?), apontando para os pêlos que o nosso amigo Ivo ostentava, arrepiados, nos próprios braços. O que eu também não sabia era que Lopes-Graça não gostava dos baladeiros. Mas também ninguém é perfeito, caramba!

Ninguém é perfeito, carago como o Sérgio Godinho que era alérgico ao fado e que também nunca se considerou baladeiro, embora tenha aprendido a compor e cantar canções com bons professores da balada: Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e Manuel Freire. E com eles aprendeu a arte de conjugar música e palavra: “um poema tem uma musicalidade subjacente”. Mas, paradoxalmente, SG, que escreve os poemas para as suas canções, compõe a partir da música porque, diz ele, “é a música que determina a forma, a intenção do que vai ser dito e, sobretudo, o ritmo das frases”. O que acontece ao contrário com Manuel Freire, que inventa música para palavras alheias, coisa que diz ter apre(e)ndido com Paço Ibañez. Se não sabia, fica a saber: mestre SG diz que todos temos um ritmo interno que gere os sons e os silêncios… musicais.

Pegando na deixa “tanto a música como o discurso se fazem de silêncios e os silêncios geram expectativas”, Vitorino falou do cante alentejano: "canto muitas vezes com grupos de música alentejana, uma música rural, de gente simples, mas onde os silêncios são usados com uma sabedoria única". Mas Vitorino não se ficou por aí: saltou de canto em canto e chegou à invasão da música anglo-saxónica, coisa (a invasão) que ele não suporta e que se iniciou com a declaração de João David Nunes: que não iria cumprir a lei das quotas da Música Portuguesa na rádio. Lá que o senhor o disse, disse, que eu também ouvi. O João Gobern, da assistência, bem tentou meter água na fervura, argumentando com o muito que o David Nunes fez pela rádio (basta saber como e qual) mas só fez foi aumentar a fervedura do Vitorino. Ficou-se por aí porque o Victor Quelhas, como bom moderador, desligou o fogão.

O poema do Hino Nacional de Angola é do Manuel Rui, sabiam? Pois, ele também não sabia que “a lágrima”, a canção, “tem que ser ouvida em silêncio” como lhe ensinou, vejam bem, um empregado de hotel no Brasil. Disse Manuel Rui que enquanto um romance está condenado a ser lido em silêncio, “num poema as palavras podem ser filtradas pela música". No romance é o leitor que vai ao seu encontro, no poema musicado dá-se o contrário: a canção vem ter connosco, recebemo-la, cantamo-la, trauteamos até um hino. Verdade-verdadinha, quando que o Manuel Rui falava a gente parecíamos todos “os meninos à volta da fogueira”, aprendendo "coisas de sonho e de verdade".

Da assistência, para terminar, veio o testemunho de que as crianças é que entendem disto. Quando alguém, talvez uma educadora, certa vez pediu a uma criança uma definição de canção, o petiz não se fez rogado:

“Cantigas são palavras com açúcar dentro”


admário costa lindo

 
comentários:

at 13/2/07 11:44 PM, Zé Kahango disse...
Não estive lá, mas com o seu apontamento, até as músicas ouvi...

24/2/07 10:21 PM, Anónimo disse...
"cantigas são palavras com açúcar dentro..."
na musicalidade sabem a mel/
na essência néctares são.../
toadas no ar, frisadas no papel/
palavras doces bafejadas d'emoção!!!
nesta imagem s'ajusta a inocência.../
a alma do que se diz... pureza/
na miscelânea tal transparência/
no sentir o "doce" da eterna beleza!!!
Admário...
sempre surpreendendo...
Se Gosto...
1Bjinhão
saudadeeeeeeeee
sempre...
aileda

at 9/3/07 12:27 AM, africamente disse...
Um novo espaço de encontros e amizades , com videochat, mapas, blogs, albuns de fotos, videoteca, música e noticias sobre Africa! www.africamente.com

"Correntes" em Lisboa

publicação original
12.02.2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/02/correntes-em-lisboa.html



Terão lugar em Lisboa, no Instituto Cervantes, duas das Mesas do “Correntes d’Escritas”:

Dia 13 Literatura, o eco dos dias
Moderador:
Ramiro Fonte
Participantes:
Hélder Macedo
J.J. Armas Marcelo
Santiago Roncagliolo

Dia 14 É escritor quem tropeça nas palavras
Moderador: José Carlos de Vasconcelos
Participantes:
Elsa Osório
Nélida Piñon
Vergílio Alberto Vieira


admário costa lindo


Debates no "Correntes d'Escritas"

publicação original
12.02.2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/02/debates-no-correntes-descritas.html



As mesas de debate do 8º “Correntes d’Escritas” tocaram pontos diversos da relação entre a Literatura e as outras Artes:

Mesa 1
Uns pelos Outros
Moderador: João Rodrigues.
Participantes: Fernando Lopes, “É muito difícil conciliar paixões e o cinema e a literatura são duas grandes paixões na minha vida”; Lídia Jorge, “A literatura vive de imagens infinitas e o cinema de imagens finitas… o cinema acaba por ser um espaço de liberdade menor, sendo nesta infinitude finita que se joga o diálogo entre a escrita e o cinema”; Margarida Cardoso, “Há todo um universo que nós, os cineastas já não dominamos e há também formas muito diferentes de ver cinema, de ver imagens e de interpretar conteúdos que nos escapam e que condicionam as abordagens a esta arte.”; Marco Martins, “ Da colisão destes dois mundos diferentes (escritor e realizador) só pode sair um bom filme”; Luís Carlos Patraquim, “O roteirista escreve e depois vem o realizador e faz um outro roteiro sobre a sua obra e este é o preço da passagem da linguagem escrita para a linguagem cinematográfica”.

Mesa 2
A Poesia é um segredo dos deuses ?”
Moderador: Alberto Serra.
Participantes: Ramiro Fonte, “Os deuses estão ausentes do território da poesia moderna”; Nuno Rebocho, “A poesia é um acto de falar alto”; Carlos Quiroga, “Estamos carregados de enigmas…” mas o poeta tem “uma capacidade olímpica de tocar nos sensores das almas”; António Cícero, sendo um fenómeno humano, a poesia não é entendida pelos deuses “porque se encontram longe deles”.

Mesa 3
Palavras no Palco
Moderador: Pedro Eiras.
Participantes: Ana Benavente, “A palavra é acção. Nunca dizemos nada por acaso ou para nada dizer… as palavras somos nós e aquilo que delas fazemos”; Maria do Céu Guerra, “O texto teatral é o mais preguiçoso de todos, porque é aquele em que encenadores e actores têm tanto ou mais que fazer do que o próprio autor.”; Jacinto Lucas Pires e Jaime Rocha.


Mesa 4
É escritor quem tropeça nas Palavras
Moderador: José Carlos de Vasconcelos.
Participantes: Maria Manuel Viana, a busca da frase, da expressão e o constante desencontro entre o pensado e o escrito; Eduardo Brum, é escritor quem tropeça nas palavras, em si mesmo, nos outros e nos pensamentos; Ignacio Martinez de Pisón, não é necessário usar muitas palavras para se dizer algo simples; Lázaro Covadlo, nunca teve consciência de tropeçar nas palavras, mas esbarrou nelas e quando não esbarra com a palavra que pretende inventa-a; Laura Esquível, também não tropeça nas palavras, mas choca com elas.
A encerrar este debate os componentes da mesa e a plateia declamaram, em conjunto, o poema “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa:

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Mesa 5
Poesia: o Limite das Palavras
Moderador: Luís Adriano Carlos, “Este é um tema vastíssimo, que pode ser perspectivado de 1001 maneiras”.
Participantes: Aurelino Costa, ”Nesta era da comunicação pode não se dizer nada… As palavras podem tornar-se um utensílio de entretenimento… houve um tempo em que os humanos se falavam em vez de comunicar”; Eucanãa Ferraz, “O poema é mais belo quando não perde de vista a sua humanidade… o poema talvez seja mesmo o limite do humano”; Fernando Pinto de Amaral, “Não há uma separação entre a linguagem conotativa e denotativa… nesses sentidos, os limites não existem”; João Luís Barreto Guimarães, as palavras não têm limite, pelo menos no que respeita ao seu significado; Luís Rafael Hernández, “As palavras são mal usadas, perdem força, perdem realidade. Há que as limpar e devolver-lhes o seu significado primário”.

Mesa 6
O Risco das Palavras
Moderador: Perfecto Cuadrado, lembrou Mário Cesariny que, aos 60 anos, abandonou a escrita para se dedicar à pintura; a razão que o próprio Cesariny lhe deu para esta mudança: “ é que a palavra prende muito, torna-nos dependentes dela, enquanto que a pintura flui com mais liberdade”.
Participantes: Vergílio Alberto Vieira, “Escrever é pormo-nos permanentemente em risco”; Ana Paula Tavares, os desenhos em areia dos Tchokwé de Angola, ilustram a perfeita ligação entre os riscos e a palavra; Zulmiro de Carvalho, o desafio do primeiro risco é o ponto de partida para a criação de uma obra; Henrique Cayatte, “Com as novas tecnologias perdemos, cada vez mais, o contacto com o desenho do risco: tanto os artistas gráficos como os escritores, que deixaram de desenhar as letras”; José Rodrigues, palavras e riscos são formas de comunicar e o risco uma forma primordial de linguagem.

Mesa 7
Apenas à Literatura é dada Esperança"
Moderador: Onésimo Teotónio de Almeida.
Participantes: Amalia Decker Marquez, “A palavra pode mudar o mundo”; Santiago Roncagliolo; Hélia Correia, “A literatura tem-nos feito algum bem, mas normalmente a leitura é mais perniciosa”; Rui Zink, “Eu encontrei sempre esperança em textos desesperançados, é o paradoxo da literatura"; Enrique Vila-Matas.

Mesa 8
Letra & Música
Moderador: Victor Quelhas, a importância do silêncio para a música.
Participantes: Ivo Machado, "Sempre tive uma má relação com a música. No carro não ouço música e nem escrevo com música, mas ouço-a nos sons da natureza"; Manuel Freire, “ A minha experiência é a de leitor de poesia, desde muito novo, que mais tarde se depara com a música feita a partir de poemas”; Sérgio Godinho, “ Tanto a música como o discurso se fazem de silêncios e os silêncios geram expectativas.”; Vitorino, "Canto muitas vezes com grupos de música alentejana, uma música rural, de gente simples, mas onde os silêncios são usados com uma sabedoria única"; Manuel Rui, "No romance são palavras para serem lidas, enquanto que num poema as palavras podem ser filtradas pela música".

Mesa 9
Literatura: o eco dos dias
Moderador: João Gobern.
Participantes: Elsa Osório, “O importante na literatura é a verosimilhança e não a verdade”; Inês Pedrosa, “A literatura é o contrário do eco dos dias… é uma espécie de máquina que côa o que dos dias sobra”; Onésimo Teotónio de Almeida, a Internet põe-nos em contacto mais rapidamente com um amigo do outro lado do mundo do que nós próprios com o vizinho do lado; José Manuel Fajardo, “Há um eco com que poucas vezes se conta: o silêncio”; Hélder Macedo, “A literatura tem um som próprio, que pode influenciar a percepção daquilo a que chamamos real”.


admário costa lindo

Revista Correntes d'Escritas nº 6

publicação original
11.02.2007
[url] http://angolaharia.blogspot.com/2007/02/revista-correntes-descritas-n-6.html



Foi editado, durante o 8º “Correntes d’Escritas” o 6º número da “Correntes d’Escritas, Revista de Cultura Literária da Póvoa de Varzim”.

Homenageando Lídia Jorge, a revista apresenta um Dossier sobre a autora de “O Vento Assobiando nas Gruas”, vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa em 2004, com os artigos:

“Quando a ordem emerge do caos”, de Vítor Quelhas;
“Teias emocionais em torno de identidades perdidas em A Costa dos Murmúrios”, de Leonor Simas-Almeida;
“Balada dos Espectros”, de António Cabrita
e “A ‘geração’ de Lídia Jorge”, de Fernando Venâncio.

A revista abre com um texto de José Macedo Vieira, Presidente da Câmara, “Na cidade da cultura e da paz – testemunho de um anfitrião feliz”, “Rede de Palavras” de Luís Diamantino, e inclui textos, contos e poemas de:

Alberto Serra
André Sant’Anna
António Cícero
Conceição Lima
Guita Júnior
Ivan Junqueira
João Pedro Mésseder
Lázaro Covadlo
Luís Filipe Cristóvão
Luís Rafael Hernández
Luiz Roffato
Nuno Higino
Pedro Eiras
Rui Vieira
Sérgio Luís de Carvalho

Este número inclui ainda o conto “Fuga ao Tema”, de Adelmo Moitinho (pseudónimo de Saulo Matias Dourado), vencedor do Prémio Literário Correntes d’Escritas/Papelaria Locus de 2006.

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