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4 de junho de 2009

Epopeias


Arma virumque cano … Deixemo-nos
de tretas! Versos destes escreviam-se
antigamente, quando Eneias e Ulisses,
em barquinhos de papel, arrancavam
olhos aos ciclopes, rindo nas barbas
de Neptuno, um rei de óculos e bengala
a precisar de viagra. Ezra Pound,
cow-boy e poeta, quis ressuscitá-los.
Pensando em quem? Mussolini via-se
bem que não. Era um anão gorduchinho,
parecido aos que andam nos circos
a divertir a garotada. Entre um bicho
assim e um homem chamado Aquiles
a distância é de uma légua.
Canto l'arme pietose el capitano
Deixemo-nos de tretas! Nós, a mor
das vezes, somos tigres a fazer figura
de urso. As armas e os barões
Isso era antigamente, quando os Lusos
se riam a custa de Baco, rei sem
préstimo, bebedor de vinho.

Arménio Vieira

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